Cuidados

Entre todos os itens que dizem respeito ao nosso amigo, o cão; a posse responsável é certamente o mais importante.

Antes de se pensar na aquisição de um cão, é necessário levar em conta os factores a favor e contra. Deve-se pensar nas necessidades físicas do animal e, antes de mais nada, ter consciência de que ele é um ser vivo, e não uma coisa, que deseja ser compreendido e precisa de afecto e respeito.
Assim, antes de se render à sua beleza, há que reunir algumas condições ideais.
O cão Serra da Estrela necessita de um espaço suficiente para se movimentar à vontade e o seu dono deve lhe dedicar algum tempo.

1A Escolha
Conhecedor das características da raça que deseja adquirir, e sendo estas compatíveis com o seu estilo de vida, é importante saber escolher um bom criador (nunca comprar um cão em lojas de animais ou à beira da estrada!), solicitando à Liga dos Criadores e Amigos do Cão da Serra da Estrela a lista dos seus criadores recomendados. Poderá também perguntar à Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela ou ao Clube Português de Canicultura. É aconselhável visitar-se os criadores antes de se decidir, pedindo para conhecer os progenitores, o meio e as condições em que vivem, todos os documentos dos pais, sobretudo as radiografias da displasia da anca.
2Cuidados Específicos
Sendo um cão rústico necessita apenas de umas escovadelas para manter o pêlo bonito (uma vez por semana) o que também favorece a boa relação entre dono e cão. Na Primavera, princípio do Verão, como perdem parte do pêlo, é necessário retirar o pêlo que está solto com um bom pente metálico. É um animal muito resistente à chuva e ao vento. Aprecia muito viver ao ar livre e correr pelo campo. Nos dias quentes procura locais frescos para descansar mantendo, no entanto a vigilância sempre que necessário.
3Sociabilização
O comportamento do cão depende muito da educação que recebeu apesar de sabermos que cada raça tem o seu carácter próprio. O Serra da Estrela, sendo um cão de pastor, permanecia sempre com as ovelhas e por vezes o pastor era obrigado a afastar-se para ir à aldeia. Desta forma o cão desenvolveu uma certa independência que se faz notar quando ele espera pacientemente, guardando a casa até o seu dono voltar. A sociabilização é um dos factores essenciais para o comportamento do cão. Um cão pouco sociável torna-se medroso e agressivo à medida que cresce. Logo nos primeiros meses é importante que ele conviva com tudo e todos, inclusive com outros cães. Se o processo de sociabilização não for levado a sério, depois será difícil ou mesmo impossível corrigir aspectos do comportamento do cão, que fica com medo e eventualmente agressivo quando em confronto com outros cães. Tentar sociabilizar o cão já numa fase adulta é muito mais complicado, porque ele tentará entrar em confronto de dominância com outros cães, que encara como adversários e esses confrontos normalmente não são pacíficos. “De pequenino se torce o pepino” Mas atenção; só a partir dos 7 meses, o cachorro terá concentração necessária para tirar rendimento ideal de aprendizagens.
4Educação
Antes de falar em educação, devemos pensar em estabelecer boa relação com o novo amigo, numa base correcta ou seja o estabelecimento da liderança do dono (apesar de serem amigos, o dono ocupa sempre uma posição hierárquica superior.). Educar um cão não significa o uso da força, nem violência ou pressão, apenas energia e pulso firme no momento adequado, a fim de que o cão saiba exactamente quem é o dono, quem manda. É importante saber o momento adequado, pois não tendo o cão uma memória como a nossa de factos concretos, deve ser reprimido no momento em que agir de maneira inadequada. Devemos acostumá-lo desde cedo a palavras e sinais exactos, que ele possa entender e atender. Calma a coerência são essenciais! Mas também são importantes: o amor, a paciência e a persistência… A coerência de comportamento de toda a família com o cachorro é importante. Os cães reconhecem as palavras “senta”, “aqui”, “não” etc., não porque compreendem o seu significado mas porque conseguem fazer associações aos sons, quando utilizados frequentemente e sempre nas mesmas situações. Quando desejamos um determinado tipo de comportamento devemos levar o cão a fazer associação positiva com esse mesmo tipo de comportamento (reforço positivo, carinho, petisco…). Para mais informação aconselho a leitura de The Dog Listener” de Jan Fennell, a mesma que escreve “… os cães nunca vão apreender a nossa linguagem… para termos êxito ao comunicarmos com os nossos cães, teremos de ser nós a apreender a linguagem deles. Esta é uma tarefa que requer uma mente aberta e um grande respeito pelo cão. Não iremos a lado nenhum se considerarmos o cão como um ser inferior. Tem de ser respeitado por aquilo que é.”